segunda-feira, 3 de junho de 2013


“Se eu não a tenho, ela me tem”
autor: Arnaut Daniel (trad. de Augusto de Campos)


Se eu não a tenho, ela me tem
o tempo todo preso, Amor,
e tolo e sábio, alegre e triste,
eu sofro e não dou troco.
É indefeso quem ama.
Amor comanda
à escravidão mais branda
e assim me rendo,
sofrendo,
à dura lida
que me é deferida.
[...]

É tal a luz que dela vem
que até me aqueço nessa dor
sem outro sol que me conquiste,
mas no sol ou no fogo
não digo quem me inflama.
O olhar me abranda,
só os olhos têm vianda,
e a ela vendo
vou tendo
mais distendida
minha sobrevida.
[...]

Eu sei cantar como ninguém mas
meu saber perde o sabor
se ela me nega o que me assiste.
Vejo-a só, não a toco,
mas sempre que me chama
para ela anda
meu corpo, sem demanda,
e sempre atendo,
sabendo
que ela me olvida / e apaga merecida.





1) Já no 1° verso mostra-se relação entre o eu lírico e a pessoa amada, que relação é essa?
R = Uma relação que um ama e não é correspondido. O trovador não à tem porém a Dama tem ele porque o seu coração (do trovador) pertence a ela.

2) E como você caracteriza, ao longo de todo o poema, o eu lírico? E a dama?
R = O eu lírico é carinhoso, apaixonado, vai atrás de sua amada mesmo que não o queira. A dama é uma mulher insensível e que não corresponde o amor do trovador.

3) O termo "sol" no terceiro e no quarto verso da segunda estrofe tem dois sentidos. Quais são eles?
R = Do primeiro verso o sentido do termo "sol" é que o trovador não tem alguma pessoa que sente algo intenso por ele. E no segundo verso o sentido do termo "sol" ou no fogo não há amor.

4) Um trovador jamais revela o nome da dama a quem compunha suas canções. Qual é o verso da segunda estrofe onde está explícito esse impedimento?
R = Está no quinto verso: "não digo quem me inflama."